Há luto sem morte
Texto autoral de uma mãe da rede Espichei
Tempo estimado de leitura: aproximadamente 5 minutos
Assuntos abordados:
– Mães da pandemia e o adiamento dos planos
– O conceito de luto
– Luto pelas coisas que não viveu
– Quando procurar ajuda
– Fatores emocionais
– Fatores culturais
A maioria das grávidas que conheço e conheci gostavam de exibir suas barrigas e estar com as pessoas queridas na fase da gestação. Todo o ritual de ser mimada, querida, de fazer chás de revelação ou fralda, é parte dos nossos costumes culturais e, muito além disso, deixa muitas mulheres felizes e realizadas em poder compartilhar o momento mais importante e divisor de suas vidas com aquelas pessoas que fazem a diferença.
Mas a chegada da pandemia acabou com tudo isso. Ainda, adiou os primeiros encontros com bebês recém-nascidos e mães recém-paridas. O puerpério, que já pode ser um momento extremamente difícil e isolado, passou a ser ainda mais solitário para aquelas que estão longe de suas famílias e amigos – seja pela quarentena, seja por estarem em outras cidades, estados ou até países. Os passeios, sessões de fotos, mesversários cheios de gente, entre outras idealizações, foram por água abaixo.
Em um momento em que vemos muitas pessoas irem embora desse plano e vivenciamos um sofrimento coletivo, compreensivamente pouco se fala do luto sem morte. O que quero dizer? Recorro ao conceito de Sigmund Freud, médico neurologista e psiquiatra criador da psicanálise, que em sua obra “Luto e Melancolia” entende o luto como “uma reação à perda, não necessariamente de um ente querido, mas também, algo que tome as mesmas proporções, portanto um fenômeno mental natural e constante durante o desenvolvimento humano”.
Esse luto, então, existe. E, apesar de eu não ter sido uma mãe de pandemia, vejo algumas em minha volta e percebo a dificuldade que elas tiveram, pelas impressões e desabafos que compartilham. Para entender um pouco mais sobre isso, procurei a Maria Cecília Mattos, psicóloga clínica e obstétrica e especialista em luto, que além de ter essa classificação profissional, passou pela coincidência de gestar e dar à luz em meio a esses dias de isolamento.
A gravidez da Maria Cecília não foi planejada, mas ela diz que se fosse, não o faria em meio à pandemia. “Amo ficar grávida, desfilar meu barrigão. Gosto muito de festa e de celebrar. Nessa gravidez, que é a segunda, ninguém me viu. Só fiquei em casa. Fico triste porque meu filho já tem quatro meses e nenhuma das minhas melhores amigas e os primos dele o conhecem. Nem sei quando vão conhecer.”
A Ciça, como me permitiu chamá-la, contou que é normal termos um luto por rompimento de vínculo significativo, que pode ser em relação a uma expectativa daquilo que não aconteceu. Também me falou que é importante salientar que é natural esse processo de ficar enlutado por essa gravidez e pós-parto que não foram como o planejado, às vezes pela vida toda. “Na maioria das vezes, não é necessário ajuda profissional ou intervenção nesse processo. Mas quando o pesar fica muito grande, a ponto de a pessoa não conseguir ressignificar a experiência ou ter dificuldade de vinculação com o bebê e a realidade, aí pode ser necessário buscar um atendimento.”
Não sou profissional da saúde, mas aprendi na minha própria jornada materna que precisamos respeitar nossos sentimentos e acolher as nossas dores. O sentimento de perda de uma realidade que se almejava existe e devemos compreensão a todas as mães que estão passando por isso. Se você está em dúvida se precisa procurar ajuda profissional, procure. Esse profissional saberá te avaliar. Mas se você sente em seu coração que precisa apenas passar por essa fase, então aceite. Como tudo na maternidade – e na vida –, isso também há de passar.
Passe por essa fase com segurança
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Esse conteúdo exclusivo foi produzido a partir de parceria do blog Primeiros Passos com o Espichei, rede materna paterna criada em Brasília e que reúne milhares de famílias em prol de uma maternidade mais consciente, colaborativa e sustentável. Acompanhe esta iniciativa conjunta também nas redes sociais pela hashtag #espicheiprimeirospassos
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