Meu teste de gravidez deu positivo. E agora?
O que fazer? Quando marcar a primeira consulta? O que tomar? Veja as principais orientações médicas para os próximos passos dessa fase tão importante.
Quando o teste de gravidez dá positivo, é um momento especial para a futura mamãe e para a sua família. A partir de agora, será muito importante fazer o pré-natal para manter o bom desenvolvimento gestacional. Além disso, o acompanhamento médico ajuda a mamãe a lidar com questões físicas e com a saúde emocional. O obstetra fará o monitoramento, acompanhamento, diagnóstico e tratamento de doenças preexistentes ou das que podem surgir durante a gravidez.
“Eu costumo comparar o pré-natal com a organização de uma festa. Durante nove meses, todos os preparativos são feitos e organizados para que, no dia da festa, tudo esteja perfeito. A festa é o dia do nascimento do bebê. Se fizermos um pré-natal com todas as consultas, exames, uma boa alimentação e atividades físicas, o parto será o dia de comemorar a chegada do tão esperado rebento ou rebenta”, explica Evandro Oliveira, obstetra da Maternidade Brasília.
O Ministério da Saúde recomenda que, durante o pré-natal, sejam realizadas, no mínimo, seis consultas (uma no primeiro trimestre da gravidez, duas no segundo e três no terceiro).
O ideal é que a primeira consulta aconteça no primeiro trimestre e que, até a 34ª semana, sejam realizadas consultas mensais. Entre a 34ª e a 38ª semana, o indicado seria uma consulta a cada duas semanas e, a partir da 38ª semana, consultas toda semana até o parto, que geralmente acontece na 40ª semana, mas pode durar até 42 semanas.
Vantagens do pré-natal
A gestante, ao realizar o cronograma correto dos exames (de imagem, laboratoriais e físicos) do pré-natal, ajuda a reduzir a chance de ter parto prematuro e até mesmo desenvolver outras complicações, como hipertensão arterial na gestação ou a transmissão de patologias para o bebê, como HIV, sífilis e hepatites.
Durante as consultas, é importante anotar todas as informações sobre alimentação, exercícios, medicamentos etc. O médico também vai informar os diversos sintomas que aparecem durante a gestação (maior incidência de sono, alterações no ritmo intestinal da paciente, dificuldades de humor, enjoos, inchaço, manchas na pele, sinais de parto etc.).
Conheça, a seguir, os exames obrigatórios durante o pré-natal
1 – Exames laboratoriais
Alguns exames complementares de rotina deverão ser repetidos no início do terceiro trimestre da gestação:
- hemograma completo – repetir entre 28-30 semanas;
- grupo sanguíneo e fator Rh;
- sorologia para sífilis (VDRL) – repetir entre 28-30 semanas;
- glicemia em jejum – repetir entre 28-30 semanas em gestantes sem fator de risco para diabetes e se o resultado da primeira glicemia for menor que 85mg/dL;
- teste oral de tolerância à glicose (TOTG – 75g, 2h) – para os casos triados com fator de risco para diabetes gestacional presente e/ou com glicemia de jejum inicial maior ou igual a 85mg/dL;
- exame sumário de urina (Tipo I);
- urocultura com antibiograma para o diagnóstico de bacteriúria assintomática – repetir entre 28-30 semanas;
- sorologia anti-HIV – repetir entre 28-30 semanas;
- sorologia para toxoplasmose, IgG e IgM – repetir trimestralmente se for IgG não reagente;
- sorologia para hepatite B (HBSAg);
- protoparasitológico de fezes;
- colpocitologia oncótica;
- bacterioscopia da secreção vaginal – esse exame consiste em uma avaliação do perfil bacteriológico do conteúdo vaginal. Indicado para pacientes com antecedente de prematuridade, possibilita a detecção e o tratamento precoce da vaginose bacteriana idealmente antes da 20ª semana;
- cultura específica do estreptococo do grupo B, coleta anovaginal, entre 35-37 semanas.
2 – Ultrassonografia obstétrica
Caso a gestante inicie o pré-natal precocemente, o primeiro ultrassom pode ser realizado entre a 10ª e a 13ª semana e deve ser repetido entre a 20ª e a 24ª semana.
Quais são os exames complementares?
Dependendo da condição de saúde da paciente, o médico poderá, ao longo do pré-natal, solicitar alguns exames complementares. São eles:
- Amniocentese e biópsia de vilo coriônico – indicados na suspeita de doenças genéticas ou para gestantes de alto risco.
- Teste de tolerância oral à glicose – em casos de suspeita de diabetes gestacional, podendo complementar a glicemia de jejum.
- Teste da fibronectina fetal – em casos de suspeita do rompimento prematuro da bolsa.
- Ecocardiograma fetal – auxilia o diagnóstico de doenças cardíacas no bebê.
- Teste de Coombs – é solicitado todos os meses caso a mãe tenha Rh negativo e o pai, Rh positivo. A incompatibilidade entre o fator Rh do sangue materno e o do feto pode fazer com que o organismo da mãe crie anticorpos contra o Rh positivo do bebê, causando uma doença conhecida como eritroblastose fetal. Se os anticorpos forem detectados no sangue materno, a mulher deve tomar uma vacina específica para essa condição.
Que atividades físicas são ideais para a gestante?
Gravidez saudável e exercícios físicos combinam muito bem! Manter-se ativa durante os mais de nove meses de gestação é imprescindível para evitar ganho exagerado de peso, hipertensão arterial e diabetes gestacional (que pode gerar pré-eclâmpsia), entre outras doenças, sem contar que, após o parto, a recuperação será bem melhor por causa do preparo muscular. Além desses benefícios, um estudo da Universidade de Montreal mostrou que o aumento da circulação de sangue na placenta causada pelos exercícios aeróbicos melhora a oxigenação do bebê no útero, favorecendo seu desenvolvimento cerebral.
O ideal é que a gestante exercite-se no mínimo 30 minutos, de três a cinco vezes por semana. Mas saiba que alguns cuidados devem ser tomados. Os exercícios devem ser de intensidade regular a moderada, com um programa específico para cada mulher, de acordo com o período da gestação em que ela se encontra e com suas condições de saúde.
Por isso é muito importante ter a liberação do médico obstetra antes de iniciar qualquer atividade física na gravidez.
Natação, alongamento, exercícios cardiovasculares, hidroginástica, dança, ioga e tai chi chuan costumam ser boas opções.
Quais os alimentos indicados durante a gestação?
O que a grávida come durante a gestação vai influenciar diretamente o desenvolvimento do seu bebê, inclusive afetando a sua saúde para o resto da vida.
Por isso, determinados elementos nutricionais são essenciais para cada etapa da gestação. Confira!
Primeiro trimestre
Nos três primeiros meses de gestação, é essencial ingerir ferro e ácido fólico para evitar doenças cardíacas, anemia e más-formações no feto. Esse período é uma fase importante para o desenvolvimento das partes vitais do bebê.
Onde encontrar
Ferro – em carnes, fígado, ovos, feijão, lentilha e em algumas hortaliças como espinafre, couve e beterraba. Para melhor absorção do ferro pelo organismo, se necessário, consuma na mesma refeição alimentos ricos em vitamina C, como frutas cítricas e tomate. Nessa fase, procure evitar alimentos ricos em cálcio, como leite e derivados, pois diminuem a absorção do ferro.
Ácido fólico – encontrado em vegetais verde-escuros (espinafre, alface, couve, brócolis), cereais e frutas cítricas. O ideal é preparar no vapor para não destruir o ácido fólico.
Segundo trimestre
Para o segundo trimestre, é hora de reforçar a ingestão de vitamina C, que age na formação do colágeno na pele, nos vasos sanguíneos, nos ossos e na cartilagem, além de fortalecer o sistema imunológico da mamãe. O consumo de alimentos com vitamina B6 ajuda no crescimento e no ganho de peso do feto e na prevenção da depressão pós-parto. O magnésio também deve estar presente nessa fase, pois favorece a formação e o crescimento dos tecidos do corpo.
Onde encontrar
Vitamina C – em frutas como kiwi, laranja, acerola, morango, melão, melancia, mamão, abacaxi e em algumas hortaliças como brócolis, pimentões, tomate e couve-flor.
Vitamina B6 – em alimentos como trigo, milho, fígado, frango, peixe, leite e derivados e leveduras.
Magnésio – em nozes, soja, cacau, frutos do mar, cereais integrais, feijões e ervilhas.
Terceiro trimestre
Nessa fase da gestação, é importante que a paciente invista em cálcio e vitamina D, pois o bebê começa a esgotar as reservas da mãe para a própria formação óssea (dentes e ossos).
Além disso, esses elementos vão auxiliar na contração muscular e nos batimentos cardíacos do bebê, além de manter as unhas e os dentes fortes e evitar gengivite e câimbras na gestante. O cálcio e a vitamina D ainda ajudam na produção de leite após o parto.
Onde encontrar
Cálcio – em leites e derivados, bebidas de soja, tofu, gema de ovo e cereais integrais.
Vitamina D – em leite enriquecido, manteiga, ovos e fígado. Procure tomar bastante sol da manhã também para fixar o cálcio nos ossos.
O que comer do primeiro ao último dia da gestação?
Agora é o momento de investir nos carboidratos para a mamãe e o bebê ganharem energia. Os melhores são os integrais: arroz, pães, macarrão e cereais, que são absorvidos mais lentamente e, por isso, dão mais saciedade.
Proteínas – são responsáveis por construir, manter e renovar os tecidos da mãe e do bebê. São encontradas em carnes, feijões, leite e derivados.
Lipídios – são as gorduras que auxiliam na formação do sistema nervoso central do feto. As mais indicadas para a saúde são as encontradas nos peixes, no abacate, nos azeites de oliva, na canola, no girassol e na linhaça.
Vitamina A – ajuda no desenvolvimento celular e ósseo e na formação do broto dentário do feto e na imunidade da gestante. Pode ser encontrada no leite e derivados, na gema de ovo, no fígado, na laranja, no mamão, na couve e nos vegetais amarelos.
Niacina (vitamina B3) – transforma a glicose em energia, mantendo a vitalidade das células maternas e fetais, e estimula o desenvolvimento cerebral do feto: verduras, legumes, gema de ovo, carne magra, leite e derivados são indicados.
Tiamina (B1) – também estimula o metabolismo energético da mamãe. Pode ser encontrada em carnes, cereais integrais, frutas, ovos, legumes e leveduras.
Converse com o seu ginecologista e faça um pré-natal seguro para o desenvolvimento do seu bebê.
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