Essa vontade de viajar

Tempo estimado de leitura: aproximadamente 4 minutos

Assuntos abordados:

– Planejamento de viagem com filhos

– Aventuras de viagens

– Lembranças de viagens

– Colecionar memórias

Eu fiz viagens maravilhosas na minha vida. Não conheci nem metade do mapa – nem perto disso – e nem um terço dos lugares que eu, especialmente, tenho vontade de visitar. Mas as vezes em que eu pude botar o pé na estrada ou embarcar em um avião foram enriquecedoras e maravilhosas. Agora, nova fase, novos rumos, velhos desejos, mas uma vontade enorme de mostrar esse mundão para a minha menina.

Planejar uma viagem com uma criança provou-se ser completamente diferente do que eu fazia antes. Na temporada anterior, era tudo (bem) mais despreocupado. Eu tinha uma grande parceria de viagem, minha irmã, e nós topávamos qualquer parada. Não tínhamos muito dinheiro para desbravar as rotas, então pagar menos de 10 euros numa diária de albergue e dividir quarto com mais 14 completos desconhecidos em beliches amontoadas em um quarto não era ruim – pelo contrário, era o tipo de aventura que adorávamos.

Não tinha hora certa para almoçar, não tinha problema se eram muitos quilômetros para bater perna e recordes de passos diários. Aliás, quanto mais chão para andar, mais empolgante era. Pegamos um navio de um país para outro, de madrugada, e dormimos no chão dele. Perdemos voos entre Europa e América do Sul, fomos forçadas a pisar em três diferentes territórios numa viagem que durou quatro dias até chegar em casa, ficamos muitas horas sem banho, chegamos a quase ficar sem dinheiro para comer. Guardamos cada uma dessas experiências no nosso coração e sentimos saudade até mesmo dos perrengues.

Os meus 30 anos eram para ter sido comemorados, entre nós duas, numa viagem internacional. No dia em que completei três décadas, descobri a gravidez. Desde então, inúmeros planos foram revisados, revirados e engavetados. Hoje sinto um pouco mais de paz ao falar desses roteiros que foram adiados. Eu quero, agora, curtir tudo que puder com a minha filha. Mas, para isso, ajustes serão feitos. Não estou sofrendo com isso, mas quero compartilhar com você que me lê.

Horários precisarão ser pensados e respeitados. Refeições serão mais elaboradas. Talvez, aquele guia que você fez para cada dia não dê para ser levado ao pé da letra. Acomodações precisarão ser mais amigáveis para crianças e um dinheirinho a mais pode ser necessário. Talvez tenha um pouco mais de drama e choro, um cansaço menos contornável. Talvez você gaste mais de traslados porque andar muito pode deixar de ser uma opção. Mas, olha, acredito que você vá colecionar muitos sorrisos. Risadas. Brilhos no olhar inesquecíveis. Um serzinho grato a você por tudo. Abraços para ficar na memória.

Toda vez que vejo minha filha realizada por algo que proporcionei, sinto um nó se instalar na minha garganta e o olho querer transbordar. Lembro das viagens que fiz com meus pais e quero poder oferecer o mesmo à minha pequena. Não vejo a hora de embarcarmos em aventuras, de visitar parques, arte, arquitetura e ouvirmos pessoas falando idiomas diferentes. Ou o mesmo que o nosso, mas com outros sotaques. Quero que ela veja praia, neve, campo. Quero sentir calor, cheiro de comida de rua, frio na barriga, juntas. Tirar fotos e fazer muitos vídeos. Colecionar as mais gostosas memórias que só um desvio das rotas comuns pode nos proporcionar.

E quando voltar para casa, tenha certeza de que ela está segura

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